sexta-feira, 12 de março de 2010

Glauco


Hoje, morreu Glauco, um dos maiores cartunistas brasileiros de todos os tempos. Criador de tipos impagáveis como Geraldão, Glauco tinha um traço inconfundível em que todas as personagens têm a mesma cara e perninhas nervosas que se multiplicam a cada tirinha.
Geraldão, sua personagem mais famosa, jamais passou despercebida pelo meu olhar sedento por personagens insólitas (apesar de esta não ser minha tirinha favorita). De onde Glauco teria tirado a inspiração para criar um tipo que tem garrafas de cerveja equilibradas na cabeça, uma seringa suspeitíssima espetada na ponta do nariz e que desfila quadrinhos e mais quadrinhos sua ereção eterna completando o quadro bizarro de sua esquelética nudez?
E de onde teria surgido a Dona Marta (minha favorita), aquela mulher de meia idade e seios fartos que costuma atacar de gerentes a boys do escritório em que trabalha a fim de tirar o "atraso" dos tempos em que esperava pelo grande amor de sua vida?

E o Casal Neuras? E o Zé do Apocalipse?

O Geraldinho, sabemos que veio do Geraldão, mas de onde mesmo veio o Geraldão?

Essas perguntas já foram respondidas pelo próprio Glauco enquanto ainda vivia. Algumas nem precisam de respostas se pensarmos bem. Mas hoje, uma pergunta não quer calar: por quê?
Sabemos que a vida um dia acaba, mas Glauco, diferente do que foi dito lá em cima, não morreu: foi morto. Não por um bandolero de sombrero animado como a sua personagem em Los Tres Amigos, mas por um amigo - que não era nenhum daqueles outros dois. Por que mataram Glauco?
Que ataque de mau-humor foi esse?
Que piada mais sem graça foi essa?

E agora, o que será do Geraldão, da mãe do Geraldão, da Dona Marta, do Casal Neuras, do Zé do Apocalipse e de nós: fãs, leitores, telespectadores...
Pensando bem, Glauco não morreu como foi dito lá no início do texto, tampouco foi morto conforme o seu assassino mau-humorado esperava.
Glauco virou desenho. Pra sempre.

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